As pastagens são de importância vital para a pecuária brasileira. Estima-se que pelo menos 75% da superfície utilizada pela agricultura seja ocupada por pastagens, o que corresponde a aproximadamente 20% da área total do país. As pastagens representam a forma mais prática e econômica de alimentação dos bovinos, constituindo-se a base de sustentação da bovinocultura de corte no Brasil.
Porém a oferta sazonal de pasto faz com que o produtor precise se preparar para alimentar o rebanho na época da seca. Rica em energia, a silagem entra como complemento à dieta animal baseada também em proteína. O milho e o sorgo, além do capim, são as principais fontes de forragem quando o período de chuvas se encerra em Mato Grosso.
Explorando o processo que vai da escolha da semente à compactação da silagem, o engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo, Diego Oliveira Carvalho enfatiza que a boa silagem de sorgo apresenta valor nutricional equivalente ao do milho, com um desempenho que não varia em mais de 10%. A principal diferença entre as duas culturas se dá quanto existe uniformidade de amadurecimento dos grãos e resistência à seca.
Segundo ele, o milho tem a vantagem de amadurecer de uma só vez, sendo fácil atestar o momento certo para a colheita. A dica é espremer o grão entre os dedos e ver se ele está com textura de leitoso para farináceo, começando a endurecer. Os grãos de sorgo, por sua vez, não amadurecem ao mesmo tempo na panícula. O processo acontece da ponta para a base.
Em relação ao tamanho das partículas, Carvalho recomenda que tenham cerca de um centímetro. Além de ajudar com a compactação, isso aumenta o aproveitamento dos nutrientes pelo gado. “Com os sistemas corn-cracker, se pode aumentar a probabilidade do grão ser digerido pelo animal porque, dependendo do tamanho da partícula, ele passa direto pelo trato digestivo”.
Porém, talvez a parte mais importante do processo de produção da silagem, a compactação é a etapa em que se confirma a qualidade do alimento que será destinado ao gado. O objetivo é eliminar todo o oxigênio entremeado no volumoso para aumentar a eficiência da fermentação que produz o ácido lático responsável por conservar a matéria orgânica.
Segundo o agrônomo, se tudo for feito dentro dos parâmetros indicados, o silo ganha vida longa, podendo alimentar o rebanho por anos consecutivos. O sinal de que tudo correu bem é sentido na temperatura do volumoso. “Colocando a mão na silagem o produtor deve reparar que a mistura não é nem fria nem quente, acompanhando a temperatura ao redor”.