Presidente estadual do PSD, o vice-governador Carlos Fávaro tem sido habilidoso para conter os ânimos dos correligionários que defendem a ruptura imediata da sigla com o governador Pedro Taques (PSDB) e o alinhamento à oposição. O grupo é liderado pelo presidente da Associação Mato-Grossense dos Municípios (AMM) com apoio dos prefeitos Arnóbio Andrade (Marcelândia) e Rafael Machado (Campo Novo dos Parecis) e outros militantes que evitam expor seus posicionamentos publicamente.
“Eu busco conciliar e mostrar onde o governo acerta. Esse é o papel do partido. Se simplesmente eu brigar com o militante que fala mal do governo, ele sai do partido e vai falar mal lá na oposição, fortalecendo os adversários. Eu quero fortalecer nosso grupo internamente com ampla discussão para identificar os erros e corrigir”, afirma Fávaro em entrevista ao RDNews.
Neurilan, que está em pré-campanha para deputado federal, sustenta que a proximidade com Taques só traz desgastes ao PSD. Seu principal argumento são os atrasos nos repasses da saúde para os municípios e as falhas na interlocução do Executivo com os gestores municipais.
Para Neurilan, o desembarque do Governo Taques deve ocorrer o mais rápido possível. Defende inclusive aliança com a oposição que pode ser capitaneada pelo conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Antônio Joaquim, que aguarda aposentadoria para se filiar ao PTB, e até mesmo pelos ora aliados Blairo Maggi (PP) ou Mauro Mendes, que segue no PSB de malas prontas para outro partido, possivelmente DEM, PP ou PR.
Na avaliação de Fávaro, as divergências de opinião são naturais. Sendo assim, reafirma o respeito pela postura de Neurilan e dos demais correligionários e diz que tudo é tratado dentro do PSD de maneira fraternal. “O próprio nome já diz: partido. São diversas partes, pensamentos diferente e é isso que fortalece a democracia. O PSD não tem manda chuva, cacique ou maioral. Sou um presidente de diálogo”, completa.
O tratamento dispensado ao grupo liderado por Neurilan também mostra o amadurecimento político de Fávaro. Em dezembro de 2015, o vice-governador chegou a “convidar” o correligionário a deixar o PSD por conta de críticas nos debates sobre o novo Fethab que estariam “insuflando” os prefeitos contra o governo.
"Não precisa jogar confetes o tempo todo, mas também não aceitamos críticas infundadas. Se é para fazer oposição, o Neurilan não precisa ficar no PSD. Pode seguir o rumo dele”, declarou Fávaro à época, dando ultimato ao presidente da AMM.
Jacques Gosch
RDNews