Mato Grosso cresce exponencialmente em produção de etanol, mas a falta de logística viária no estado e no Brasil prejudica escoamento.
Para além da recente crise no setor de combustíveis no Brasil, o uso do etanol tem crescido consideravelmente em Mato Grosso por vantagens como competitividade, autossuficiência e qualidade ambiental. No Brasil, Mato Grosso é grande produtor de biocombustíveis, em especial o etanol, que vem crescendo cada vez mais pela agregação de valor ao milho, cuja produção nacional também é a maior.
Há mais de dez anos, Mato Grosso tem, internamente, o etanol mais competitivo do Brasil e tem sido, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o mais barato, perdendo eventualmente para o estado de São Paulo. No entanto, apesar deste cenário de crescimento exponencial em produção no Estado, é urgente pensar em investimentos em logística viária que garantam a chegada do produto a preço competitivo nos demais mercados interessados.
Autossuficiente em etanol, o Estado consome apenas dois terços do 1,4 bilhão de litros que oferta nas 11 usinas existentes de Mato Grosso. De acordo com o presidente do SINDALCOOL/MT, Silvio Rangel,em 2020 estaremos acrescentando ao mercado mais 1,5 bilhão de litros, considerando-se apenas as novas indústrias em implantação no Estado, sendo três novas usinas, além da dobra da capacidade de produção de uma existente, contribuindo para um cenário cada vez mais promissor.
Para esta safra, já foram moídos 20% da cana e 12% do milho previstos, gerando 110 milhões de litros de etanol anidro e 182 milhões de etanol hidratado, além de 58 mil toneladas de açúcar, o que garante a oferta firme destes produtos ao mercado, confirmando a autossuficiência de nosso estado.
De acordo com Rangel,a competitividade do estado na produção de etanol influenciou para que os reajustes diários da gasolina praticados pela nova política da Petrobrás pouco afetassem nosso estado. “Aqui temos fatores de influência como os aspectos ambientais e o fato de o etanol ser produzido aqui mesmo, gerando 10 mil empregos diretos e 40 mil indiretos, além da diferença de R$ 2,00 entre o etanol e a gasolina, fazendo com o etanol permita uma maior economia objetiva para o consumidor”, explica.Ao contrário do etanol, em Mato Grosso os combustíveis fósseis são importados de outros estados.
Porém, segundo Rangel, a falta de logística viária é hoje um dos grandes gargalos que impede produtos do estado de chegar ao demais mercados com preço competitivo, pois as rodovias estão incapacitadas de atender às novas e crescentes demandas do mercado. “São urgentes os investimentos em logística no estado e no Brasil como um todo, considerados os investimentos em produção em andamento. É necessário valorizar o produto e produtor local, possibilitando o fluxo adequado desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto final de consumo”, explica.
Ainda que existam estudos em andamento, é morosa a implantação de projetos prioritários como ferrovias, modal que gera competitividade às commodities mato-grossenses, tanto pela redução no custo do escoamento, pela segurança da carga, quanto pelo tempo de viagem e menor consumo de combustível até o destino final. Segundo estudos, em 2020, Mato Grosso terá condições de atender outros mercados com, pelo menos, 1 bilhão de litros de etanol, contribuindo, desta forma, para atendermos aos compromissos ambientais assumidos pelo Brasil na COP 21 e 23.